
Do mesmo diretor do prestigiado Juno e baseado em um livro, Amor Sem Escalas (Up In The Air) é um filme que há algum tempo eu já queria ver, mas só acabei por ver a cerca de duas semanas atrás. Resultado? O filme definitivamente não decepcionou minhas expectativas, superando-as.
Up In The Air nos traz a história de Ryan Bingham (George Clooney) um homem acostumado a “voar”, cujo trabalho é ir de companhia em companhia, estado em estado demitindo os funcionários que as companhias decidem demitir, ou seja, fazendo o trabalho sujo delas. É claro que há um significado para tal fato. Ryan e os poucos outros empregados com sua mesma função devem acompanhar e preparar psicologicamente as pessoas que por eles são demitidas, utilizando métodos para tentar acalmar e preparar a pessoa para seguir em frente.
Porém, há só um problema nesse trabalho: a solidão. Quem nunca quis viajar, viajar, e viajar, conhecendo novos lugares? – e no caso dele, ainda com as despesas pagas pelo emprego - Acho que todos gostariam de poder conhecer tantos lugares, porém, será que todos gostariam de viver praticamente sozinho, ter que deixar sempre sua casa, seus amigos, sua família de lado e ir viajar? Isso ninguém gostaria. A não ser Ryan. Afinal, ele não tem amigos, não mantém contato com a família e ama viajar, fazendo assim do aeroporto, dos aviões, das viagens, o seu lar, além do objetivo dele de conseguir acumular um milhão de milhas. Aparentemente, até o dia em que chega a novata Natalie Keener (Anna Kendrick), trazendo novos projetos à empresa na qual Ryan trabalha.
Natalie chega com uma proposta que agrada a todos, principalmente em tempos de crise, onde os custos das viagens realizadas por Ryan e seus parceiros precisa ser cortado. Ela vem com a proposta de tornar o alcance global, algo local, mandando os panfletos de ajuda através de instruções – antes já utilizado - por correio, efetuando a demissão dos funcionários com as mesmas técnicas e tentativas de amparo e preparo psicológico, porém, através de videoconferência. Tal proposta agrada os funcionários, que não teriam mais que passar a grande maioria dos dias do ano viajando, fora de casa, e é claro, aos donos e administradores da empresa, pois traria uma grande redução de gastos. Porém, essa idéia não é nem um pouco bem recebida por Ryan.
Ryan acha tal proposta algo ridículo, que tira toda a honra do trabalho que eles fazem por conta da frieza de demitir pessoas através de videoconferência, e reclama com seu chefe que Natalie deveria trabalhar um pouco antes de implantar tal estratégia, já que ela era recém-formada na sua faculdade e ainda não tinha idéia de como era trabalhar fazendo o que eles fazem. Mas é claro, havia também o lado dele que queria continuar a viajar, que não queria ter que voltar para casa e passar a maior parte do ano no mesmo lugar. Afinal, viajar para ele era basicamente tudo, e ficar em casa era entediante.
O chefe de Bryan aceita a proposta dele, mandando Natalie – contra a vontade de Bryan – viajar junto com ele, para que ele pudesse ensiná-la mais sobre aquele trabalho e a rotina, fazendo assim com que Natalie aprendesse mais e pudesse também ser avaliada quanto à qualificação para entrar de vez na empresa.
E assim, inicia-se uma longa viagem. Uma viagem que representa uma longa jornada, tanto para Bryan quanto para Natalie. Completamente diferente de Bryan, Natalie tem namorado, amigos e não gosta da idéia de viver viajando e ter que ficar longe de casa e das pessoas que ama, além de ter vários sonhos e objetivos a serem alcançados.
Numa dessas viagens, eles dois se encontram com Alex, (Vera Farmiga) mulher que também vive viajando à trabalho e que encontrara e se relacionara com Bryan, numa dessas viagens – a poucos dias - e desde então, aquele era o primeiro reencontro que eles tiveram entre as viagens seguintes realizadas por ambos, e continuam a se relacionar.
E assim o filme continua, com dosagens equilibradas de drama, comédia, ironia e um pouco de romance. A trama se desenvolve durante as consecutivas viagens realizadas por Natalie e Bryan e os encontros entre eles e Alex, sempre que ambos estavam em lugares próximos. Natalie sempre com seu jeito emotivo e sonhador e Bryan com seu jeito frio e sem grandes objetivos.
Conforme o tempo passa, Natalie aprende cada vez mais sobre o trabalho, passando por momentos bem difíceis emocionalmente assim como Bryan aprende com a personagem, que o mostra o quanto a vida dele é solitária, sem muitas motivações e o quão ele é uma pessoa sozinha, além de fazê-lo perceber a possibilidade de ter uma relação sólida com Alex. E como ambos são pessoas com personalidades completamente opostas, há discussões, desentendimentos e é claro, a troca de valores que acontece entre ambos. Além disso também, há a evolução do relacionamento entre Bryan e Alex, que começou apenas como algo que ambos determinavam como “casual” mas que agora estava a crescer, o que acaba fazendo com que Bryan goste de Alex.
No final desse período de viagens consecutivas feitas por Bryan e Natalie, ambos aprendem muito e há uma mudança na vida das personagens, que acabam tomando novas decisões, além de uma descoberta sobre Alex.
Up In The Air é um filme com toda a certeza, excelente, emocionante e inteligente, que nos traz mensagem de o quão é importante ter alguém ao seu lado, pessoas nas quais você possa contar, a importância de ter família, amigos, a importância de não ser uma pessoa sozinha, solitária. Passa a mensagem também de que nunca é tarde para tentar mudar os nossos hábitos, seguir adiante, deixando o que é ruim para trás e criar uma nova fase, onde você tenha mais objetivos, mais laços que anteriormente não existiam ou haviam sido rompidos. A importância de ter objetivos, sonhar, e correr atrás dos seus sonhos. Isso tudo com ótimas atuações, uma ótima trilha sonora, um ótimo trabalho de direção feito por Jason Reitman e um roteiro e uma história muito bons, sem clichês e até mesmo com algumas surpresas, e a ótima mistura de drama e comédia, com alguns momentos mais emocionantes e outros mais descontraídos, o que torna o filme muito agradável de se assistir e excelente.
Nota: 9,3
Obs: Não se deixe enganar pelo título nem pelo cartaz brasileiro. Ambos fazem-nos acreditar que o filme é de romance, quando na verdade ele não é. A relação das personagens Ryan e Alex tem sua importância e seu peso na história, mas não é o principal, não tornando o filme um filme de romance. Já o título e o cartaz originais, são bem diferentes.